Localizada na Praça Nossa Senhora da Apresentação, n. 272, em Irajá, a Igreja de Nossa Senhora da Apresentação tornou-se patrimônio histórico a partir do decreto n.12.654 de 28 de janeiro de 1994, pela prefeitura do Rio de Janeiro. Possui capacidade para 155 fiéis sentados e desenvolve obra de ação social e comunitária.
No início da colonização da cidade, Irajá foi concedida em Sesmaria a Antônio de França, um oficial da câmara do Rio de Janeiro, em 1571 que deixou seus bens à Companhia dos Jesuítas. A Igreja tem como data oficial de suas atividades como matriz da Freguesia de mesmo nome, criada pelo padre Antônio Martins Loureiro, em 30 de dezembro de 1644 e confirmada pelo alvará de 10 de fevereiro de 1647. É, pois, uma construção do período colonial, relacionada ao cultivo da cana de açúcar e à história da colonização lusa no Brasil. Nossa Senhora da Apresentação se tornou a padroeira da primeira freguesia rural do Rio de Janeiro, cujo nome Irajá tem como a principal tradução “terra que dá mel”.
Maria Celeste Ferreira (2020) afirma que a fundação ou escolha sobre a matriz de Irajá como sede da freguesia indica um desenvolvimento econômico de uma região servida de porto fluvial, com fluxos comerciais de grande expressão nos setecentos, tendo como centralidade local a igreja que existia desde 1613, data visível no frontispício da mesma, tendo uma primeira construção de pedra e cal, que ainda guarda esta data abaixo da janela do meio da atual construção, na fachada. As redes de capelas e oratórios da matriz da freguesia indicariam a importância e a complexidade da vida do Antigo Regime nos arredores da cidade.
A construção passou por reformas e ampliações ao longo do tempo. Em 1695, foi efetuada uma reforma com a construção da Capela-mor e do coro, muitos anos após a fundação da nave. O templo existente possui características coloniais que apontam ter sido construído no século XVIII. Em 1742/43 se reformou o retábulo e o arco da Capella Mór, fez-se a torre e o frontispício, além de ter reformado todo o corpo da Igreja e colocado novos sinos. Em 1926 a matriz foi pintada e reformada. Em 1946 fez-se a retirada das madeiras de lei do teto e do piso de madeira, além da abertura de uma janela em cada parede lateral, para ventilação e iluminação da nave.
Irajá era ponto de parada das viagens dos tropeiros vindos das Minas Gerais, segundo Alcir Lenharo (1992). Conta-se que D. Pedro II, quando se dirigia ao Palácio Imperial de Petrópolis, fazia seu cortejo passar na Igreja de Nossa Senhora da Apresentação para suas orações.
Era comum que as Igrejas possuíssem cemitérios em seus terrenos, sendo o hábito seguido pela matriz de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá que possuía um nos fundos e outro ao lado. Em 1902 a igreja perdeu o direito de administração do maior, tornando-se um cemitério público. Em 1986 se reorganizou o cemitério da Irmandade Nossa Senhora da Apresentação, com limpeza, construção de ossários, aberturas de espaços. Maria Celeste Ferreira acredita que essa pode ter sido a segunda maior intervenção de descaracterização da matriz.
Referências:
FERREIRA, Maria Celeste. Matriz de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá: construção de um patrimônio histórico em uma freguesia rural do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: UERJ, 2020.
LENHARO, Alcir. As Tropas da Moderação. O abastecimento da Corte na formação política do Brasil. 2ª Edição. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração. 1992.
