Em um grande terreno sem uso específico, em meio a um considerável fluxo de pessoas de uma antiga chácara desapropriada, pertencente, provavelmente, a Bento Ribeiro, foi construído o Jardim e o Coreto do Méier. O projeto paisagístico foi realizado pela antiga Inspetoria de Mattas e Jardins da Prefeitura, em 1916, porém o jardim só foi inaugurado em 1919, na gestão do prefeito Paulo de Frontin.
Feito em madeira de peroba do campo, o projeto de construção está associado ao engenheiro Pedro Fernandes Vianna da Silva. Seu modelo arquitetônico foi replicado no Largo dos Romeiros do Santuário de Nossa Senhora da Penha em dois coretos idênticos (gêmeos), com poucas alterações estéticas em relação ao do Méier. Posteriormente, a Praça do Barão da Taquara (Praça Seca) ganhou o mesmo tipo de mobiliário, tendo sido transferido para a praça 11 de Junho, ao final de 1928. O coreto do Méier é identificado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) como referência ao coreto da Praça Seca e teria inspirado ainda a construção do coreto de Ouro Preto, em Minas Gerais. Considera-se, para corroborar essa hipótese, a semelhança morfológica entre os exemplares citados e suas datas, sendo o coreto mineiro posterior. Vale ressaltar também que o ambos os coretos, Méier e Ouro Preto encontram-se em um complexo ferroviário, conectados pela ferrovia desde o final do século XIX (BUTTROS, 2017).
O coreto encontra-se em praça ajardinada conhecida como Jardim do Méier, localizado na sua extremidade esquerda. Fica próximo à estação ferroviária do bairro, do hospital Salgado Filho e do Batalhão do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Sua pavimentação é em calçada portuguesa, com padrão circular em preto e branco. Em formato hexagonal, a medida média de cada um dos seus lados é 3,25 metros. Sua altura total é de aproximadamente 9 metros. A base é em alvenaria, elevada 1,37m em relação ao solo formando um “porão alto”. Esta também possui ornamentação linear em estuque nos vértices pintada em cinza, e seis aberturas: uma portinhola e cinco janelas com grade entrelaçada em metal.
O acesso ao coreto é realizado por meio de escada de oito degraus, sem corrimão. Seu piso é argamassado, pintado na cor vermelha e com bordas salientes em cornija. Possui seis pilares não alongados, um em cada vértice medindo aproximadamente um metro de altura, pouco mais alto que o guarda corpo, de 81 cm, em madeira recortada, à moda dos balaústres, e pintado na cor azul.
O forro do teto é piramidal (a profundidade acompanha a altura da cobertura). Ao centro, sobre o telhado, o coreto é arrematado por pináculo em madeira, a partir do qual, “saem” ornatos em madeira recortada sobre cada espigão. O coreto é tombado pelo INEPAC desde 1985 e, recebeu intervenção em 2012, assim como toda a praça. O objeto encontra-se em bom estado de conservação e a população faz uso constante do local para o lazer.
O coreto é muito lembrado por ter sido local onde o fundador da Igreja Universal, bispo Macedo, iniciou seus cultos. Atualmente, o patrimônio juntamente ao Jardim do Méier, recebe diversas apresentações culturais voltadas para a população local, como eventos organizados pelo coletivo Leão Etíope do Méier, dentre outras atividades como o teatro de guignol.
Fonte:
BUTTROS, Savilly Aymée Teixeira. O coreto da praça Cesário Alvim em Ouro Preto: Análise histórica, estilística e construtiva. Monografia. Ouro Preto: Instituto Federal de Minas Gerais, 2017.