Considerada como uma das estações de trem mais bonitas do Rio de Janeiro, a estação de Marechal tem sua arquitetura de estilo eclético e foi inspirada nas bucólicas gares europeias. Os tijolos de sua construção foram trazidos diretamente da Inglaterra pelos navios mercantes. A cobertura é feita com telhas francesas, possuindo quatro fachadas e detalhes em azulejos de origem alemã e belga e arcos de ferro franceses.
A estação homenageia em seu nome um dos presidentes do Brasil: o Marechal Hermes da Fonseca que, preocupado com a carência de moradias populares, idealizou o projeto de bairro operário. O próprio esteve presente na inauguração da chamada “Vila Proletária de Marechal Hermes” e da estação de trem que fazia conexão direta com a central do Brasil e cuja data de fundação é 1º de Janeiro de 1913. Logo, a história da estação férrea se confunde com a fundação do bairro, planejado especialmente para ser moradia dos operários (e suas famílias) – possivelmente o primeiro do Rio de Janeiro com esse objetivo, sendo estritamente residencial.
Segundo o autor e jornalista, André Luis Mansur Baptista, na obra Marechal Hermes – a história de um bairro, foi a partir da linha do trem que se construiu uma praça rotatória, com uma larga avenida principal cortada por algumas ruas transversais, um desenho moderno que se mantém atualmente. Cerca de 738 casas e sobrados de um ou dois pavimentos foram construídos para abrigar 1350 famílias e operários. O projeto previa a construção de escolas, agências do Correio e Telégrafos, Chefatura de Polícia, mercado, pronto-socorro, maternidade, um ginásio, teatro, além de uma unidade do Corpo de Bombeiros e um Reservatório de Água. As ruas teriam 18 metros de largura e seriam arborizadas. Os aluguéis seriam descontados na folha de pagamentos e para morar no bairro, seriam necessários alguns requisitos, como ter o Certificado de Proletariado, indicando que o morador era “um bom chefe de família”, tinha “boa conduta” e, principalmente, não tinha qualquer ligação com o Anarquismo.
A construção da estação ocasionou o crescimento do bairro no que tange ao comércio, urbanização, moradia e saneamento. Atualmente a estação faz parte dos ramais: Deodoro e Santa Cruz, e é utilizada por milhares de pessoas diariamente, ainda com o mesmo propósito de quando foi planejada e inaugurada. Fica localizada num ponto central do bairro, tendo em frente à estação de ônibus com destino à Cascadura (782) e Praça Seca (783). Em sua calçada se encontra a famosa “Batata de Marechal”.
Fonte:
André Luis Mansur Baptista, na obra Marechal Hermes – a história de um bairro.
Site Supervia: https://www.supervia.com.br/pt-br/estacao/marechal-hermes
A história da estação ferroviária de Marechal Hermes. João Victor Dias Ramos, Gabriele Pimentel, Daniele Oliveira e Maybe de Souza. In: https://riomemorias.com.br/memoria/a-historia-da-estacao-ferroviaria-de-marechal-hermes.